
Estava cá, eu sozinha .. a pensar comigo mesma ... sobre o que significa as melhores coisas da vida ... pensei.. pensei.. e quando me vi, percebi que prefiro coisas banais, simples e com gostos estranhos, mas que em mim sempre trazem uma tranqüilidade exacerbada... que me faz desejar estar nesse estágio de êxtase puríssimo .. por pelo menos um minuto .. me vem frames de imagens a mente..
Logo aparecia ele .. um bardo , de coração amarrado por uma boemia borboleta poeta.
Musica dedilhada, poesia cortez em contraste com tavernas obscuras e encantadas, nostalgia do que é mais gostoso, é um filme antigo em minha mente ...
Vejo ela .. uma garota .. não feia .. nem tão bonita, apenas uma garota. Que valora coisas que para ela são importantes.. simples, mas muito importantes, garotinha esta, que cai de amores por um bardo, que vez ou outra parava pela cidade, para cantar algum poema ou contar alguma estória, sempre entre as bebidas de um velha taverna, trazia as lendas do horizonte, tinha algum instrumento de cordas.. acho que era uma lira.... tocando em sua cabeça , aquele sentimento aristocrático.
Curiosa e pequena a moça calçava as suas luvinhas rendadas em tons claros, assim achava encantar, no cair das noites esperava as luzes se apagarem todas, quando a noite se calava , ia ela a ponta de pés, sair de seu quarto e atravessar a escuridão, andar pelas ruas solitárias, deixando as marcas de suas pequenas botinhas pelo chão onde passava, parava bem ali, a porta de uma taverna onde sabia que logo chegaria o seu amigo bardo, então se escondia o esperando chegar, encapuzada com uma capa escura, escondia o próprio rosto e o vestido que lhe cobria e acobertava o corpo naquela noite fria, não queria se deixar ver ali naquele lugar por ninguém.
Passando algum tempo o via de longe chegar, podia observar aquele mesmo grande sorriso, tomando a forma dos carnudos lábios. Ele que chegava, sabia em seu coração rude, que encontraria a sua pequena escondida, o esperando como sempre o fazia ao saber que ele estava de passagem pelo vilarejo.
Ia o bardo se aproximando da porta da taverna e podia ver uma pequena pessoa, sentadinha, escondida, quieta, sentada no velho banco no canto da porta da taverna, seu coração se alegrava, e em resposta lhe aparecia um sorriso nostálgico, mal podia esperar para ver os pequenos olhos da amiga vindo em direção a seu sorriso. E se aproximando um pouco mais da jovem com o rosto coberto, a puxava por um dos braços e a trazia carinhosamente para si, a acolhia em um abraço realmente esperado, e como em um teatro mudo a puxava para dentro do local, sem nada dizer. Os passos de ambos pareciam dançar um completando o outro até chegarem na mesa, alegres por se verem mais uma vez. Dentro do ambiente boêmio as horas passariam rápidas como o galope de cavalos feudais, entre conversas e brisas de momentos, lendas, estórias, risos altos, e pouca bebida, o bardo cuidava de sua borboleta como se fosse um presente dos deuses. A pequenina trazia na ponta de sua pena, estórias e conversas que guardava apenas para conta a seu amigo bardo, homem sem nome nem destino, homem sem amigos e sem passado, tinha apenas para onde voltar, que era voltar para junto dela e contar tudo o que viveu a seus olhinhos curiosos, e sua delicadeza, que se fazia em vestidos ainda quase que infantis feitos em rendas e babados, uma voz fina e dita quase que sussurrada.
Nem viam o subir da lua e a chegada da manhã que se fundiam ao fim da madrugada... então se fazia o desespero de ambos, era preciso da mocinha estar em casa. Então as pressas se despediam, despedida esta que continuava apenas com o olhar dos dois de longe.
O bardo parado a porta, angustiado querendo acompanhar a sua pequena adorada, tentando calar o coração que se debatia e gritava enquanto a via correndo, ora ou outra olhando para trás se despedindo com os olhinhos chorosos.
A jovem desajeitada até mesmo tropeçava nos próprios pés, correndo com a visão turva, do seu bardo nada tinha além da lembrança de seu sorriso, e seus olhos fortemente fixos. Mas a ele deixava um presente, entre as grossas mãos, esquecia um lenço fino e branco, desenhado sobre ele um pequeno fragmento de poesia assinado ao fim, apenas como “ A Borboleta”. Mal sabia ela que ele assim a guardaria para todo o sempre, ele lia as palavras sobre o lenço e de longe a via se afastar, ficava ali parado até o ultimo segundo, até o pequeno corpo da borboleta desaparecer voando na distancia.
O homem não se conformava com o tempo breve que tão rápido calara-lhe o sorriso, fazendo sua borboleta voar mais alto do que ele conseguiria alcançar. Mas por dentro tinha resquícios de felicidade ao se lembrar que tinha ainda um lugar para onde sempre poderia voltar. Salvava a sua lira e estava pronto para voltar ao mundo, viver em tavernas, encontrar outras jovens, beber outros sabores, viver outras lendas, mas sempre guardando ao peito o perfumado e branco lençinho que contrastava com as cores que conhecia, seguiria o seu caminho por muito tempo, mas certo que por ali voltaria logo para mais uma noite se perder no brilho daquele sorriso doce, que parecia ter sido feito a ele.
Enquanto corria para casa, por alguns segundos se revoltava com o grande rei sol, queria voltar no tempo e ainda estar lá conversando com o seu amigo de muitas vidas, entrava pela porta dos fundos de sua casa, tinha ali suas passagens secretas para não chamar a atenção de ninguém sempre que saísse para viver suas aventuras durante a madrugada, se apressava para fingir uma longa noite descansada, se camuflava entre os lençóis e esperava até a sua porta se abrir. No pensamento não sabia o nome de seu bardo, era apenas “ O Bardo”, não sabia para onde ele iria, nem quanto tempo demoraria, só tinha a certeza de que ele voltaria para junto de sua borboleta azul.
Hachi and ..Lock
( não se trata de um grande feito .. apenas de uma madrugada de conversas com Lock .. brisas.. e invenções... nada a dizer ♥)
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